domingo, 14 de junho de 2015

LIVRO EMPRESTADO

Era para ser, tão-somente
Um breve e despretensioso flerte
Eis que, de repente
Sou laçado com destreza
Por teu encanto, tua nobreza
E ponho-me a ler-te

O flerte virou olhar
O olhar petrificou-me
E inerme, resignei-me

Tua tez amarelecida
Teu olor, teu mofo
Teu bolor
Raptaram os meus sentidos
Teu sábio silêncio que tudo diz
Por um triz
Não rebenta com meus ouvidos

E os sussurros que proferiste
Os tombos que propuseste
As frases que construíste
Com talento inconteste
Sobre tudo aquilo que viste
Na ilha de que vieste
Deitaram-me inerte
Mas de pensamento em riste

Agora, num voo de meia hora
Deleito-me, já, na quarenta e seis
Palpite: antes da aurora
Dou cabo – quiçá antes das seis
Das duzentas e vinte e três

Então
Devolvo o Furacão
Sobre Cuba, o livro em questão
A quem, de bom grado, emprestou-mo
Com os mais sinceros agouros
De “VIVA A REVOLUÇÃO!”

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